OUTRO IDIOMA

sábado, 7 de maio de 2022

Mães bonequeiras!

Ser mãe é especial, ser mãe bonequeira é...

...carregar o filho e a família pro teatro. Me lembro eu, com um barrigão imenso, num sobe e desce pra apresentar espetáculo, tendo que cuidar pra não esbarrar no balcão e, aquele sobe e desce pra se esconder e aparecer do outro lado, e depois o neném com um pouco mais de um mês de vida no colo, ensaio, a vovó ia junto ou o papai ia junto. Quando a Janaina tinha 50 dias a gente re-estreou um espetáculo no teatro José Maria Santos, e aí era todo dia aquele serzinho que eu dava de mamar dois minutinhos antes de abrir as cortinas, deixava no colo da vovó, no colo do papai e ia pra cena, de vez em quando escutava um chorinho lá na coxia e assim segue a vida né, aquilo que a gente ama a gente carrega junto com a gente. CAROLINA MAIA de Curitiba, mãe da JANAÍNA.

Carolina e Janaína


Quando eu descobri que estava grávida do Bernardo, eu ganhei muitas roupas, e na hora pensei; assim que ele deixar irei guardar pra usar nos bonecos. Ser bonequeira é saber que as roupas do seu filho vai servir para seus bonecos; um boneco é como um filho a cada despedida é de cortar o coração, mais sei que ele vai estar em boas mãos, sou apaixonada por ter filhos espalhados por aí. ANGÉLICA SANTOS de Pinhais, mãe do BERNARDO. 

Angélica e Bernardo




Ter mãe é um privilégio e ser mãe é uma missão...pensando assim, penso que não tive o privilégio, mas cumpri o melhor que pude essa missão...entre agulhas, lãs, espumas, lágrimas, tintas e preocupações...
fui tecendo bonecos e criando um ser humano fantástico, que hj me enchem de orgulho: "Os bonecos e a boneca que criei. LÚCIA HELEN de Curitiba, mãe da ÉLIDA.

Lúcia Helen e Élida

Ser mãe bonequeira é enfiar filha na mala ou sentir saudade. É ver sua filha conhecendo um boneco como se conhecesse alguém. Intimidade, vínculo, presença, ausência. De repente a menina de dois anos está em cima da escada do técnico, escondida nas arquibancadas, dormindo no carrinho na coxia. Abraço de saudade de dias. Coração cheio, fluido, apertado, condensação e expansão, movimento cíclico. Ser bonequeira é ser viajante, ser filha de bonequeira é ter influência itinerante. Conhecendo mundos por várias perspectivas e vozes. Seguimos brincando, mãe e filha, boneco ou boneca, na mão, no balcão ou no chão. Ser mãe bonequeira é a eterna reinvenção de nós. KATIANE NEGRÃO de Curitiba/Brasília, mãe de ÍRIS.

Katiane e Íris (ao fundo Carolina Maia)

Ser mãe bonequeira é fazer bonecos pensando no que seus filhos vão achar daquele novo trabalho. Na minha primeira gestação, estávamos produzindo o que foi o último carnaval dos bonecos, subia nas mesas rolava no chão, ainda muito pequenininho dentro da minha barriga, já estava correndo na avenida de um lado para o outro cuidando dos gigantes debaixo de uma chuva torrencial, e cada boneco que chegava na concentração eu pegava no colo para ver se algum dano tinha acontecido com eles, esperando um bebezinho e sendo mãe dos bonecões. Depois que nasceu o Gabriel ia para a Oficina de Bonecos comigo, fizemos uma caminha de espuma e fibra para ele, todo mundo ajudava a cuidar um pouquinho. Hoje ele me fala que quando crescer vai trabalhar com a mamãe, vai ser bonequeiro. Na segunda gestação, estávamos no auge de muitas produções novas, passamos por mudança de sede, e com 36 semanas estava agachada dentro de uma empanada fazendo o que mais amo fazer, manipulando um dos maravilhoso boneco feito pela grande Katia Picolin, nossa Patcha Mama. A peça rolando e a Alexia eufórica na minha barriga, não deu outra né, o trabalho da mamãe é o lugar que ela mais gosta de ir. Os dois amam o mundo dos bonecos e adoram dar palpites. Não perdem nenhuma apresentação e sempre que estou fazendo um boneco novo tenho que mostrar todo o processo para eles. Simplesmente uma mãe apaixonada pelos seus filhos, os que vieram do meu ventre e os que nasceram das minhas mãos. DIVIANE SCHULLI de São José dos Pinhais, mãe do GABRIEL e ALEXIA. 

Diviane, Gabriel e Alexia


Ser mãe bonequeira é fazer da maternidade uma Arte, é ter responsabilidade para gerar e criar um ser humano ao mesmo tempo que cria e recria seu trabalho artístico.. ser mãe bonequeira, ser mãe artista é criar e recriar. DANEE MADRID de Curitiba, mãe da MARIA MAÊ.

Danee e Maria Maê




Sempre vou lembrar dela me acompanhar até o portão quando eu ia para casa, do abraço, beijo, do olhar carregado de amor, dela me dizendo "Vai com Deus filha, depois nos falamos". Ser mãe bonequeira é ter dedo verde como Tistu, criar, encantar, e ser encantada, é ter vários bonecos sendo confiscados e receber muitas ideias dos olhares atentos dos pequenos. RUTHNEIA RODRIGUES de São José dos Pinhais, mãe de AYVI e AUSTIN.

Ruthneia, Ayvi e Austin



Trabalhei em todas as minhas gestações, tava quase parindo e colocando boneco no Mundo! Eles ali dentro no casulo de alguma forma entendiam que estavam em cena, na primeira gestação por exemplo, eu vestia uma máscara de monstro e lembro que um outro bonequeiro que assistia, ficou impactado não pelo monstro, mas pelo fato do monstro estar “grávido”, rs causou certo incomodo pra ele. É um aprendizado constante, são crianças que convivem com a criação o tempo todo, que sempre vão experimentar o boneco primeiro, que dão idéias, que pensam em cenas, no meu caso, aquela plateia (terror de todo bonequeiro), que vai opinar alto, que vai reclamar se não gosta pq já viu muita coisa, que quando vc leva pra assistir e vc está em cena manipulando a bruxa da história, pode estar abraçado com uma pessoa que vc nunca viu na vida, pq a mãe tava ali, manipulando o boneco, com o coração na mão pq não podia parar o espetáculo, agradecendo ao Universo, pq do lado dele tinha uma outra mãe que entendia o poder de um abraço. É o seu filho achar que a trilha do espetáculo é composição tua, pq conheceu na sua voz, e ouvir o aplauso sincero, receber o chá quentinho com bolachas quando vc precisa muito terminar um boneco, é a torcida pelo sucesso, o sorvete depois da apresentação, espalhar corações pelo mundo. ALYNE ROCHA de Curitiba, mãe do RODRIGO e ARTHUR.

Alyne, Rodrigo e Arthur







Ser mãe bonequeira é levar os filhos pro trabalho e o trabalho pra casa. Tudo junto misturado, faz trabalho da escola dos filhos, enquanto decora o texto, os filhos decoram seu texto antes de vc. Vc cuida dos filhos e eles cuidam de vc. Trabalhei em todas as gestações e no resguardo também. Ser filho de mãe bonequeira é ter uma infância mágica e uma adolescência complicada. Ser mãe bonequeira é trabalhar sem descanso, porque a grana é pouca e vc quer o melhor pra seus filhos e bonecos. É não ter onde morar, mas mesmo assim criar um lar nos teatros e empanadas. E dar o seu melhor e mesmo assim sentir que não é o suficiente, viver com culpa e se perdoar. É contar com a solidariedade e sororidade e aprender a sorrir mesmo na dor e dizer tá tudo bem. A vida é linda e vale a pena ser vivida. TADICA VEIGA de São José dos Pinhais, mãe de LUCAS, HELENA e SEBASTHIAN. 

Tadica, Lucas, Helena e Sebasthian e as netas Lina e Olívia

Vou partilhar um pouquinho minha experiência de maternidade com a vida bonequeira: Primeiro veio a Lis (hoje com 20 anos), que nasceu não apenas em meio a montagens de meus espetáculos com o Pai dela, mas também da avó Denise Di Santos. No quintal da casa da Bahia, Lis com 1 ano de idade modelava bonecos de papel machê com Denise, aprendia a sambar com a Bisa e assistia os ensaios do "Doces da Rainha"! Na estreia do "Roubo do Sorriso do Palhaço" no Teatro do Sesi no Rio Vermelho, exatamente onde se comemora o dia 02 de fevereiro, Lis chorou na plateia por não ser apresentada junto com o elenco, nos fazendo levá-la ao palco às pressas e apresentá-la como integrante da Cia. Lembro bem da vez que eu disse a Lis que não pegasse os bonecos, pois não eram brinquedos... A frase ecoou na minha cabeça absurdamente sem sentido que eu nunca mais repeti, fazendo os personagens parte das brincadeiras dela. No Rio de Janeiro nasceu Téo que está com 9 anos, também criado em meio aos bonecos. Téo teve uma fase difícil com muitos pesadelos com monstros, então eu conversei que existiam os “Monstros do Bem” e que também tinham poderes. Téo desenhou seus “Monstros do Bem” e eu confeccionei em bonecos pra ele brincar e fiz pra venda. Depois senti falta de que Téo assistisse um espetáculo que ele se visse, se identificasse como criança negra. Então eu fiz uma livre adaptação do conto "Guilherme Augusto de Araújo Fernandes" colocando o personagem principal com as características de Téo. Contamos juntos esta história online, só depois de gravado eu vi que Téo dialogava com o público por meio de mimica, apontando para o cabelo do boneco e o dele, a pele, a blusa...evidenciando que o boneco era ele. São muuuuuitas as histórias. Aqui foi um pouquinho! Parabéns a todas as mágicas mães bonequeiras! ALINE BUSATTO de Curitiba, mãe da LIS e do TÉO.


Alyne, Lis e Téo

Ser mãe bonequeira é...também voar! Numa manhã ensolarada de domingo, leva filho junto pra apresentação: era a Mary Poppins com Marcelo Karagozk, Teatro de sombras. Iago, com uns 7 anos, sentou como plateia e assistiu bonitinho. Quando acabou a apresentação me abraçou e falou: _ Nossa mãe você voa! _ Encantos de boneco! Cena inesquecível! TINA DE SOUZA de Curitiba, mãe de IAGO.

Tina e Iago (Foto Cido Marques)

Ser mãe bonequeira...de quatro bebês, quatro mulheres! 1984, nasce Ramaiana, surda, esperta, uma criança  que via os bonecos e entendia seus sinais, e gargalhava antes da cena terminar...1987, nasce Tainá, a pequena artista plástica, que com 2 aninhos já contava histórias mostrando suas lindas garatujas para irmã surda, fazendo sinais inventados, numa linguagem própria que só elas entendiam...1990, nasce Geraldine, a pequena dançarina-princesa-rosa-menina  que só usava sapatinho de verniz, herdados por muitos bonecos e, em 2001, nasce Manon, atriz espetaculosa, com tanta pressa de brilhar que nasceu dentro do carro, sob o aplauso de uma plateia curiosa! Quatro histórias que encenamos juntas, num roteiro improvisado, repetidas vezes, nos palcos da vida! INECÊ GOMES de Curitiba, mãe de RAMAIANA, TAINÁ, GERALDINE e MANON.

Inecê, Ramaiana, Tainá, Geraldine e Manon 


MÃE BONEQUEIRA  (Alyne Rocha)

Te preparo

Alinhavando sonhos,

Medos,

Desejos de bem querer

Te espero 

Separo os materiais

Escolho as cores do teu caminho

Cuido pra que o cenário tenha a grandiosidade da sua estreia

...

Eu paro

Te encontro

Visto meu melhor sorriso,

Dou-te todo o meu coração

E alargo tanto o meu abraço, que poderia abraçar o Mundo.

Te acolho

Faço ninho em coxias

...

Primeiro sinal: Te apresento seus irmãos e irmãs de pano

Segundo sinal: Sopro canções de ninar

Terceiro sinal: Te abençoo

E abro a cortina!

...

Receba o aplauso da vida!


#mãesbonequeiras


Postagem elaborada por Alyne Rocha, Inecê Gomes e Tadica Veiga, com a colaboração especial das bonequeiras Aline Busatto, Angélica Santos, Carolina Maia, Danee Madrid, Diviane Schulli, Katiane Negrão, Lucia Helen, Ruthneia Rodrigues e Tina de Souza.



                                                    




terça-feira, 3 de maio de 2022

Seminário Sul/ 2013

Em julho de 2013, a APRTB em parceria com o Centro Cultural Teatro Guaíra (CCTG) e a Coordenadoria da Economia Criativa da Secretaria de Estado da Cultura do Paraná realizaram o 1ºSeminário Sul de Teatro de Bonecos, que aconteceu nos dias 04 e 05 em Curitiba!

Cartaz do evento, ainda com a logomarca da APRTB antiga!

                              

Este 1º Seminário teve como objetivo principal criar uma Conexão de Colaboração e Cooperação entre Artistas e Gestores Públicos da Cultura do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul para o incentivo de alternativas para o desenvolvimento da Arte do Boneco em toda sua diversidade regional.

Uma das principais temáticas debatida foi a inserção da Arte do Boneco como um fator econômico de relevância. O Seminário refletiu sobre o Boneco na Economia Criativa, onde foi formatado uma agenda positiva e ativa de ações de cooperação artística regional. Durante dois dias Gestores Públicos da Cultura e Artistas se reuniram para encontrar caminhos viáveis para o desenvolvimento da Arte do Boneco no Sul do Brasil. 

Um grande encontro dos bonequeires do Sul do país!

Estiveram presentes representantes dos três estados parceiros! 

Do Paraná , o Presidente da APRTB e organizador do evento Joelson Cruz (São José dos Pinhais), juntamente com Olga Romero (Curitiba), Tadica Veiga (São José dos Pinhais), Marcelo Andrade (Curitiba), Danee Madrid (Curitiba), Beto Hinça (Curitiba), Lucas Mattana (Curitiba),  Rô Fagundes (Maringá), Mauro Amarelo (Londrina), Ruddy Castillo (Paranaguá), Lili Sarraff (Paranaguá) e Rita Felchak (Guarapuava).

Olga Romero (Pr), Fabiana Lazzari (Sc), Rita Felchak (Pr),Danee Madrid (Pr),
Rô Fagundes (Pr), Sassá Moretti (Sc) e Nini Beltrame (Sc).

De Santa Catarina, Nini Beltrame (Florianópolis), Fabiana Lazzari (Florianópolis), Sassá Moretti (Florianópolis), Raquel Durigon (Canoas), Guilherme Peixoto (Itajaí), Laura Correa( Itajaí), Jô Fornari (Canelinha), Laércio Amaral (Itajaí) e Paulo Nazareno (Rio do Sul).

Rita Felchak (Pr),
Tânia Saraiva "in memoriam" (Rs) e Rô Fagundes (Pr).

Do Rio Grande do Sul, Tânia Saraiva e Graziela de Castro Saraiva " in memoriam"  (Porto Alegre), Alexandre Fávero (Porto Alegre) e Ubiratan Carlos Gomes (Porto Alegre).

Jô Fornari (Sc), Tadica Veiga (Pr), Fabiana Lazzari (Sc),
Ubiratan Carlos Gomes (Rs) e Joelson Cruz (Pr).

Deste encontro, importantes ações foram realizadas, segundo uma das organizadoras do evento, Tadica Veiga (Pr) "Um corredor de colaboração e de ações foi criado, troca de trabalhos e informações, o material da APRTB foi disponibilizado `a UDESC (Universidade do Estado de Santa Catarina), para contribuir para a Revista Mamulengo e acervo da ABTB (Associação Brasileira de Teatro de Bonecos).

Olga Romero (Pr)

QUE VENHAM OUTROS ENCONTROS COMO ESTE!

Um boneco me contou...

O Retorno Espetacular!

 Depois de 5 anos, o festival Espetacular de Teatro de Bonecos retorna e apresenta o que o Parana tem para mostrar! https://www.instagram.co...

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